terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

LEANDRO GOMES DE BARROS

Leandro Gomes de Barros.

Por Antonio Samarone.

Pensei em postar uma homenagem a Leandro Gomes de Barros, o maior da poesia de cordel, onde no 04 de março de 2018, comemora-se o centenário de sua morte. Entretanto fiquei acanhado em falar, descobrindo o que já se disse (e quem disse) sobre ele:

Câmara Cascudo escreveu:
“Viveu exclusivamente de escrever versos populares, inventando desafios entre cantadores, arquitetando romances, narrando as aventuras de Antônio Silvino, comentando fatos, fazendo sátiras. Fecundo e sempre novo, original e espirituoso, é o responsável por 80% da glória dos cantadores atuais”.

Em 1976, Carlos Drummond de Andrade publicou no Jornal do Brasil na edição do dia 9 de setembro:
“Em 1913, certamente mal informados, 39 escritores, num total de 173, elegeram por maioria relativa Olavo Bilac príncipe dos poetas brasileiros. Atribuo o resultado a má informação porque o título, a ser concedido, só poderia caber a Leandro Gomes de Barros, nome desconhecido no Rio de Janeiro, local da eleição promovida pela revista FON-FON, mas vastamente popular no Nordeste do País, onde suas obras alcançaram divulgação jamais sonhada pelo autor de “Ouvir Estrelas”. ... E aqui desfaço a perplexidade que algum leitor não familiarizado com o assunto estará sentindo ao ver defrontados os nomes de Olavo Bilac e Leandro Gomes de Barros. Um é poeta erudito, produto da cultura urbana e burguesa média; o outro, planta sertaneja vicejando à margem do cangaço, da seca e da pobreza. Aquele tinha livros admirados nas rodas sociais, e os salões o recebiam com flores. Este, espalhava seus versos em folhetos de cordel, de papel ordinário, com xilogravuras toscas, vendidas nas feiras a um público de alpercatas ou de pé no chão.”

Ariano Suassuna, que muito bebeu na fonte de Leandro Gomes de Barros, ao ser perguntado sobre a natureza do mal, questão central da filosofia e da teologia, respondeu com um verso do poeta popular:

“Se eu conversasse com Deus/ Iria lhe perguntar:/ Por que é que sofremos tanto/ Quando se chega pra cá? / Perguntaria também/ Como é que ele é feito/ Que não dorme, que não come/ E assim vive satisfeito. / Por que é que ele não fez? A gente do mesmo jeito? Por que existem uns felizes/ E outros que sofrem tanto? / Nascemos do mesmo jeito, / Vivemos no mesmo canto. / Quem foi temperar o choro/ E acabou salgando o pranto? “

Recentemente, o grupo Imbuaça montou uma peça em homenagem a Leandro. Se for acontecer em Sergipe qualquer homenagem ao centenário do grande poeta, me avisem hora e local, que darei um jeito de comparecer.
Fonte: http://obviousmag.org/

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