sexta-feira, 28 de março de 2014

Anauê! 31 de março e a nova direita brasileira...



Anauê! 31 de março e a nova direita brasileira...
Antonio Samarone.

A extrema direita brasileira abomina a democracia parlamentar, clama pela volta da ditadura; tem calafrios diante da ideologia dos direitos humanos, cobra à repressão, pena de morte, redução da maioridade penal, imediata criminalização dos movimentos sociais e a limitação das manifestações e atos, tratados como vandalismo.  
Na Europa, o principal inimigo da extrema direita é o estrangeiro, as minorias étnicas, imigrantes, muçulmanos, asiáticos, sul americanos, numa xenofobia irracional, justificada pela defesa de supostas identidades nacional. Outra distinção, é que a extrema direita europeia convive com a democracia parlamentar e aceita disputar o poder através do voto, pelo menos até agora. Bem votados nos últimos pleitos na França, Áustria, Suíça e Finlândia.
No Brasil, esse ódio da extrema direita cabocla é devotado aos pobres, atribuindo parte de nossas mazelas as tímidas iniciativas de distribuição de renda (bolsa família, salário mínimo, cotas, reforma agrária, quilombolas, colônias de pesca, e outros direitos sociais). A emergência de uma numerosa “classe C”, entupindo as ruas com os seus veículos (crédito fácil), abarrotando os aeroportos, consumindo os Smartphone e as tela planas, se tornou insuportável para eles, passando a ser apontada como a principal responsável pela queda na qualidade de vida de setores médios tradicionais.
A nova extrema direita brasileira, gestada entre os setores médios com formação universitária, alimenta um profundo desprezo pelo Brasil, por sua gente, e suas raízes. Ideologicamente, colonizados pelos valores e modos de vida dos países centrais, atribuindo valores de excelência, de forma acrítica, a tudo o que é ou vem de fora. Uma contradição acintosa, lá, eles também são tratados com uma zelosa desconfiança.
A confusão da nova direita advém da mistura do Governo petista com o Brasil. Ao não aceitar as mazelas do PT, passa a rejeitar o Brasil. Fica cada vez mais evidente, apesar dos avanços, que a tentativa do PT em fazer a integração social pelo consumo não deu certo, carece de sustentabilidade. Mudar o país sem mexer na infraestrutura, abandonando a escola pública, sem enfrentar os privilégios das elites, fazendo conchavos e concessões inaceitáveis, sem um duro combate a corrupção e descambando ultimamente para um populismo viciado,  nunca deu certo na América Latina.
Qual é o problema? O país marcha para o agravamento da atual crise social, aumento da violência, falta de governabilidade, deterioração dos serviços públicos, etc. O projeto liderado pelo PT esgotou-se, chegou ao fundo do poço, contaminado pelo mau cheiro da corrupção. Só que a extrema direita não tem projetos para o Brasil, pura e simplesmente advoga a supressão das liberdades como saída. Qualquer tentativa em conduzir o país excluindo a maioria da população levará ao aumento da violência e ao agravamento dos conflitos. O nosso caminho passa obrigatoriamente pela redução das desigualdades sociais e pela inclusão de todos numa sociedade mais justa e tolerante. É urgente encontrarmos essa saída...