Manoela Rocha.
Terroir é uma palavra francesa sem
tradução em nenhum outro idioma. Significa a relação mais íntima entre o solo e
o micro-clima particular, que concebe o nascimento de um tipo de uva, que
expressa livremente sua qualidade, tipicidade e identidade em um grande vinho,
sem que ninguém consiga explicar o porquê.
Pensar em Walter Noronha
como professor é pensar num terroir. Com grande maestria, ele consegue
uma íntima relação entre ser docente e um amigo. Não há quem passe pela sua
sala de aula, que não se encante com suas palavras, sejam elas sobre a
Ortodontia ou sobre a vida. O professor Noronha é dono de uma sabedoria que
inspira muitos de nós, é dono de um abraço verdadeiro, de um olhar compreensivo
e de um sorriso motivador. Num curso tão exigente como a Odontologia, ser aluno
de Noronha é acreditar que nós somos capazes de suportar quaisquer adversidades
e no final da jornada, não há como não nos transbordarmos de gratidão. E é por
isso que não é estranho ele se revezar entre ser paraninfo ou mestre-amigo de
todas as turmas.
Só uma pessoa que
tem completa segurança no que faz consegue dominar sua turma sem nem por um
segundo levantar a voz, nos leva castanhas nas aulas práticas e elas não tiram
nossa concentração, faz referências a outros assuntos para enriquecer nossas
mentes e nem por isso perde o fio da meada. Ele entra às 7 da manhã na sala de
aula, cheio de energia, chama todo mundo de “feião” e não haveria outra maneira
mais carinhosa de ser chamado assim. No final do período, ele tem uma coleção
enorme de fotos da turma dobrando fios, confeccionando aparelhos ortodônticos,
fazendo provas e haja espaço no HD do computador!
Sem que eu consiga
explicar o porquê, ele toca seus alunos de uma maneira singular, sem medo de
estar à frente de uma sala de aula e expor sua alma. Uma alma repleta de amor
pela Odontologia e pela vida. Nós temos a sorte de ter um verdadeiro mestre
como exemplo e é por isso que nos resta comemorar. Se esse fosse um discurso
escrito por ele, ele diria: “Você sabe qual é o significado da palavra
‘comemorar’? Ela tem origem latina, é uma palavra ligada ao verbo memorare,
ou seja, lembrar, associada ao prefixo com, significa lembrar juntos,
trazer à memória para festejar”. Em nome de todos os seus alunos, quero dizer
que iremos comemorar para sempre a alegria de tê-lo como professor. Parabéns
por toda dedicação e tenha certeza de que você plantou sementes promissoras por
onde passou.
Mesmo para os
maiores apreciadores do vinho, é difícil entender a complexidade do terroir,
eu digo o mesmo desse professor, que harmoniza grandes qualidades, numa mistura
que dá muito certo.
O ser humano Valter
Noronha,
Texto
de Vilma Noronha
Fui apresentada ao
Noronha, pelo primo Jose Sebastião (meu colega no segundo grau). A proposta era
estágio (acompanhá-lo no consultório). Mas....aí já viu né, não me largou mais
kkkkkk. Eu havia terminado um namoro de 5 anos e naquele momento tudo que queria
era ficar só no meu canto, mas, quando dei por mim,9 meses depois de conhecê-lo
estava eu lá na porta da igreja em Boquim (já grávida de 3 meses, só nós
sabíamos kkkkk). Então, 5 meses depois nasceu Viviane, hoje formada em Direito,
casada e trabalhando no TRT/Ba. Quatro anos depois nasceu Vítor, hoje formado
em Odonto e fazendo pós em Araraquara. E 7 anos depois, encerramos com Vinícius
q hoje cursa Direito na UFS.
Entrei na vida dele
contribuindo para hábitos saudáveis, pois assim q nos conhecemos, deixou de
fumar (já fumava na época + de 2 carteiras de cigarro/dia). Um belo dia, no
armazém de Sr Sizino na R Itabaiana, retirou do bolso o cigarro e o isqueiro e
disse: tio, a partir de hoje não fumo +. E lá se vão + de 30 anos. Com a
cerveja foi parecido, teve uma dengue, ficou 3 semanas sem beber, aí falou: Se
fiquei 3 semanas sem beber, a partir de hoje não bebo +. Já se vão uns 20 anos.
Há pouco tempo, passou a degustar o vinho com bastante moderação.
É um cabra determinado.
Bom, meu marido é a pessoa + pechincheira q conheço. Ele diz q é característica
dos ceboleiros, tem q negociar.
Gaiato demais. De tudo
faz uma piada, adora contar as histórias de Itabaiana.
Barrista até onde não
pode +. Tudo dele é em Itabaiana, lá tem de tudo e do melhor. Se procura uma
coisa aqui e não encontra fala: quero ver não ter em Itabaiana. Se chega e o
estabelecimento ainda tá fechado fala: quero ver em Itabaiana ainda tá fechado
a essa hora. Ele tem poucos momentos de grossura. Tem uma presença de espírito
muito grande. Certa feita em um almoço, qdo estava se servindo a colega gritou
de lá - Noronha, pegando a comida com a mão? Mais q depressa ele respondeu -
tentei pegar com o pé mas não deu. Foi uma gargalhada só,e a colega não
gostou.kkkk.
É grosso qdo contrata
serviço e o fornecedor não cumpre data e horário de entrega, aí sai de baixo.
Certa vez, descontente com os serviços de um pedreiro, pegou todo material do
pedreiro, jogou pelo muro e mandou-o embora. A cena foi hilária, pensei q ele
fosse jogar o pedreiro junto.
Tbm é dono da verdade.
Se me pede uma opinião, fica torcendo para q coincida com a dele, pq se a minha
opinião for diferente, ele nunca acata, faz do jeito dele.
Teimoso q só...ele
mesmo diz q puxou ao avô Boanerges em teimosia. Adora uma feira livre, o irmão
(guilhermino) fala q ele é quem abre o mercado, por isso costuma chegar às 5
horas. Isso mesmo....é madrugador. Também às 19 horas já está se recolhendo. O
sobrinho certa vez falou q não acreditou qdo Noronha disse q tinha paciente
agendado às 6 hs da manhã. Aí fazendo uma visita ao consultório dele qdo
folheava a agenda viu q era verdade.
O bicho é madrugador,
se marcar qualquer coisa com ele, 1 hora antes ele chega. Gosta muito de
buchada, e na companhia de Nivaldo e Átalo Crispim então, tá perfeito. Nesses
momentos ele se permite dormir tarde, pois regado a vinho o papo vai longe, a
contar e ouvir as histórias de Itabaiana. Tomam vinho, depois vem o pirão da
buchada, combinação perfeita....kkkkkk
.
Gosta muito de
provérbios, chama a todos de Feião, é adepto do chapéu e a qualquer momento da
bengala, pois diz q é um charme. Se pudesse, vivia de sobretudo, chapéu e
bengala. Kkkk. Normalmente às 17 hs chega em casa, toma banho, café, senta na
cadeira do papai cercado pelo computador, ipad, telefone, controles da tv e ai
de quem passar perto, q ele não deixa escapar. É um tal de pedir água, mandar fechar
janela, apagar luz.... É um verdadeiro pidão, não levanta pra nada. É professor
dedicado e queridíssimo, muito bem entrosado com os alunos. Todo período é
homenageado. É isso!!
Texto
de Viviane Noronha.
Crescer com meu pai foi
sempre escutar que o conhecimento é a única coisa q pode fazer você alcançar
seus objetivos, que isso é o que te impede de ser mediano e faz você se
destacar no meio de tantos outros! Ele sempre me mostrou que eu não sou melhor
que ninguém, mas também não sou pior, as chances existem para aqueles que se
interessam e trabalham duro por elas, e é assim que eu pauto minha vida. Uma
lição muito valiosa!!
Eu
costumo dizer que meu pai nasceu para ser MESTRE, para ensinar, espalhar e
dividir conhecimento; eu costumo dizer para meus amigos que não importa qual
fosse a graduação dele, ele seria professor. Mais até do que dentista, para
mim, MESTRE é a melhor definição de Walter Noronha.
Ele sempre nos exigiu disciplina, mas não de
uma forma cruel ou desmedida, na verdade ele sempre ensinou para nós 3 a
importância da disciplina e isso cresceu em nós de uma forma saudável, sempre
nos fez ver que a gente poderia conseguir o que buscasse da vida, para isso,
bastava determinação, disciplina e conhecimento, e para que a gente adquirisse
conhecimento nunca houve empecilhos. Sempre tive a impressão de que ele moveria
montanhas para que pudéssemos aprender qualquer coisa que tivéssemos interesse.
Bom, o fato é que ele
foi severo sim, muitas vezes, e eu agradeço todos os dias por isso, por que foi
graças às suas cobranças que eu descobri que os nosso limites somos nós quem
criamos , que se uma oportunidade surge, independente do quão difícil possa
parecer, eu posso sim agarrá-lá e brigar para consegui-lá!
Ele não ensinou que eu posso tudo que eu
quero, mas sim que eu faço o meu destino e que a sorte só bate na porta
daqueles que se esforçam!!! Ele é o homem mais determinado que eu conheço, vai
atrás do que quer, não importa a idade que tenha nem as dificuldades que a vida
trace.
Quase aos 50 voltou
para a sala de aula, e se tornou MESTRE, e isso não foi uma coisa fácil de
fazer, deixar a família todo mês, por 1 semana durante 3 anos, voltar a estudar
e ser testado, ter que escrever uma tese (que se tornou um livro -quanto
orgulho)... E ele fez isso, e fez até parecer uma coisa simples!!!!
Ele sempre teve esse
humor ácido, que imagino que você conhece bem, e, quando eu era adolescente
você pode imaginar que não era uma coisa fácil de lidar. Houve conflito, me
irritei muito, por muitas vezes, mas hoje, quase aos trinta, todos os dias vejo
que embora eu seja fisicamente tal qual minha mãe, meu humor e temperamento não
negam quem é meu pai, o mesmo humor ácido, impaciência, a mesma paixão pelas
coisas que queremos e até a mesma forma de me perder e apreciar uma boa
música..... quando afirmavam o quão parecidos éramos enquanto crescia, isso me
irritava, mas como evitar a genética? E para que evitar? Me tornar tão parecida
com esse homem hoje me faz muito orgulhosa!!!
Eu enxergo ele dentro
de cada um de nós 3, de uma forma diferente em cada um, dado às nossas
personalidades tão distintas, mas também de uma forma muito igual, porque o
nosso reflexo dele espelha essa força e determinação para conseguir conquistar
da vida o melhor que ela tiver para nos dar!!!
Texto
de Vinicius Noronha.
Lembranças pessoais:
Cachorro-quente em frente ao consultório após as aulas na escolinha de futebol,
ver o sol nascer na casa de praia, passeios pela cidade às 5 da manhã, nos
quais sempre me contava fatos de sua época de universidade, viagens a Itabaiana
para visitar vovó Cristina, também às 5 da manhã. Estar de pé tão cedo sempre
foi uma marca do meu pai. Personalidade: teimoso, carinhoso, dedicado e atencioso.
Vinte anos após a
formatura, Walter monta consultório em Itabaiana, na esquina da Casa da família
de Tereza Cristina, conquistando uma clientela expressiva, tendo deixar para ir
cursar o mestrado, em ortodontia, em Campinas São Paulo. Atualmente, Possui consultório
do Centro Luiz Cunha.